segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Moda de 1924 a 1929

Na sociedade de 1900 o crescimento dos países, a competitividade e as disputas territoriais resultaram na Primeira Guerra Mundial, que provocou grandes mudanças na moda do período.


Em 1914, o primeiro ano de guerra, as mudanças ainda não tinham ocorrido. Foi em 1915 que as referências militares se tornaram notáveis. Conjuntos de corte sóbrio e jaquetas com corte largo e um cinto largo preso acima da cintura passaram a ser usados e divulgados nas revistas como o “máximo da elegância“. A lã foi substituída pela sarja e o fustão. A cor cáqui se tornou comum e os exagerados chapéus dos anos anteriores foram trocados por chapéus mais modernos, os casquetes. Inicialmente foram usadas as estreitas saias-funil e depois as saias em forma de sino com plissados.


O avanço da guerra gerou a escassez de empregados e a necessidade do trabalho feminino, à medida que cada vez mais homens se alistavam, afetando, a partir de 1916, até os mais ricos e provocando mais mudanças no vestuário. As roupas produzidas passaram a ser fáceis de cuidar e vestir, já que não havia criadas para ajudar nessas tarefas. As cores predominantes eram as escuras, refletindo os tempos sombrios. Um elemento importante que surge na época é a blusa sem abotoamento, feita em algodão ou seda, podia ter gola de marinheiro, um cinto ou uma faixa, se diferenciava por se colocada pela cabeça. Cardigãs de tricô e “casacos esportivos de tricô” também se tornaram populares. O trabalho feminino fez se tornar comum entre as mulheres o uso de roupas bifurcadas, adotava-se culotes, calças, macacões e jardineiras. A roupa de baixo também se modifica, os espartilhos continuam sendo usados, porém sua função passa de moldar para a de sustentar o corpo, e surge o primeiro sutiã. Nesses anos de guerra Grabielle Chanel se destaca por ser uma incentivadora das roupas mais despojadas e esportivas, observando as tendências de “militarização”, e pelo uso, em diversas peças, do tecido jérsei, antes comum apenas em roupas de baixo e esportivas.


No período pós-guerra o comércio de moda se recuperou e as indústrias tornaram-se ainda maiores com a diversificação de produtos e o lançamento de linhas lucrativas, como a de perfumes. Novamente Chanel se destaca sendo a primeira estilista a lançar uma linha de perfume com o seu nome no vidro, o Chanel nº 5. Inovando ainda mais a própria Chanel desenhou o recipiente seguindo um estilo modernista, incentivando o distanciamento dos tradicionais vidros curvilíneos. A partir daí a inovação nos frascos de perfumes se tornou algo comum. Um exemplo curioso é o perfume Classique, do Jean Paul Gaultier, cujo frasco teria sido inspirado no corpo da modelo brasileira Shirley Mallmann.

A partir de 1920 a moda segue dois cursos, o tradicional e o moderno. O estilo tradicional trazia roupas românticas bem decoradas, em tons pastéis, feitas em tecidos como tafetá, organdi e organza. Os modelos possuíam corpete cinturado e saias esvoaçantes. Os sapatos eram pontudos atados com fitas. Lucille se destacava entre os estilistas tradicionais. Apesar da influência do estilo romântico o que determinaria a moda do pós-guerra, seria o visual garçonne do estilo moderno. O visual caracterizava-se pela imagem jovial e andrógina. Os cabelos eram curtíssimos e brilhantes. Usava-se o chapéu cloche, feito de feltro em forma de sino ficava justo na cabeça e cobria a testa. Era comum usar cosméticos no rosto, depilar as sobrancelhas e ressaltar os olhos com Kohl além de aplicar cores nos lábios. O vestido chemise de corte reto com cintura ao nível dos quadris era dominante de dia e de noite. Usava-se também meias de seda em cores lisas e os sapatos eram os escarpins de couro ou tecido bordado. Outro elemento popular era o xale. Os tecidos das roupas eram altamente decorados. As jóias se tornaram o novo acessório devido a influencia de Chanel, que passou a usar colares de pérolas e pedras falsas por acreditar que estes eram enfeites e não ostentação de riqueza. Apesar das idéias de liberdade em voga a maioria das mulheres ainda usavam espartilhos que eram elásticos longos e cilíndricos que sustentavam e suprimia as curvas em busca do visual da moda. Chanel e Patou foram os principais expoentes do estilo garçonne.

Chapéu cloche

Visual La garçonne


O estilo andrógino que surge na época é muito comum atualmente. A adaptação de peças do vestuário masculino para o vestuário feminino ainda se encontra muito presente hoje em dia, principalmente com a chamada "moda do namorado". As peças incluem jeans e blazers boyfriend.


A androgenia também está presente nos cortes de cabelo. Cada vez mais mulheres estão apostando em cabelos curtos. Podemos tomar como referência as atrizes Emma Watson, Carey Mulligan e Mia Wasikowska.


Outra característica da época que perdura ate os dias de hoje é o corte Chanel, que volta e meia vira moda e é resgatado em reproduções ou novas versões.


A prática de atividades esportivas e o banho de mar viraram moda na década de 20, a criação de roupas esportivas e de banho se tornou então um foco do estilo moderno. Os estilistas se dedicavam a criação desses trajes e vestiam diversos atletas. A obsessão por atividades ao ar livre influenciou os trajes masculinos fazendo com que as roupas esportivas masculinas fossem, assim como as femininas, aceitas como informais.


Assim como na época hoje a prática de atividades esportivas influencia a moda. Roupas esportivas são transportadas para o dia-a-dia e trajes são pensados para a prática de esportes. Muitos esportistas se interessam por moda e estão bastante incluídos nesse universo. Um exemplo é a tenista norte-americana Venus Williams. Ela possui uma marca de roupas esportivas chamada EleVen, que vende produtos com baixo custo, como tênis de U$9,00. Um fato curioso é que a própria tenista desenha seus uniformes, que são bastante diferentes, e que quase sempre são criticados negativamente.


Na segunda metade da década de 20, Chanel continuou a influenciar a moda, inovando e incentivando a liberdade feminina e a simplicidade. Foi ela que iniciou a moda de levar artigos masculinos para o vestuário feminino.


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