segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Moda de 1930 a 1938

Início dos anos 30. O mundo estava vivendo uma depressão mundial ocasionada pela quebra do mercado de ações de Nova York. Essa crise financeira afetou quase todos os setores da economia, e com a moda não foi diferente. Os Estados Unidos foram, durante anos, o principal consumidor da moda francesa. Com a crise, eles cancelaram as encomendas. Diante disso, os estilistas franceses tiveram que reduzir os preços e muitos modistas, alfaiates, costureiros, bordadeiras e produtores de acessórios foram dispensados.

A competição de estilistas no cenário de moda aumentou, com a crescente inserção de estilistas de Londres e Nova York no mercado. A Grã-Bretanha era especialista em alfaiataria e roupas esportivas formais, enquanto os EUA se destacavam pelas roupas esportivas informais. O antigo príncipe de Gales continuou a ser referência na moda masculina.

Em 1930, houve o abandono do visual moleque, que foi substituído por roupas mais suaves e esculpidas, que marcassem as formas femininas. Os corpetes afrouxaram, os cintos destacavam a cintura e as saias tornaram-se levemente rodadas. As bainhas desceram e os corpetes de busto foram substituídos por sutiãs moldados. O uso de cintas se tornou muito popular nessa época.

Nessa época, a beleza estava muito ligada à saúde. Surgiram clubes de esportes, de saúde e naturais, com o objetivo de aprimorar o corpo e o espírito. A pele bronzeada continua na moda, e a novidade são os banhos de sol em montanhas. Havia também uma busca constante pela silhueta perfeita.

O traje inovador da época foi um vestido de noite com costas descobertas até abaixo da cintura, o que permitia o uso de roupas de baixo mínimas.

Lee Miller por George Hoyningen-Huene.

Os tecidos mais refinados eram as sedas, as lãs e os linhos. As peles eram usadas para ornamentar trajes e um feito radical para a época foi a utilização de tecidos mais informais para trajes de noite. Atualmente, o uso de peles é visto como algo antiético e é cada vez mais comum protestos contra estilistas que se utilizam destas em suas criações, principalmente por parte do PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais). A utilização de tecidos menos informais na fabricação de trajes de noite é comum nos dias de hoje, e podemos citar os trajes feitos de malha como exemplo.

Protesto do PETA contra a utilização de peles na coleção de outono 2008 do estilista Giorgio Armani.

Vestidos de malha Patachou.

Os acessórios eram utilizados para complementarem os trajes simples e versáteis. A variedade de chapéus era enorme. Os cintos estavam em alta e as bolsas comuns eram bolsas modernistas feitas de plástico e bolsas de mão no formato de envelope. Nos pés, sandálias de tira com salto e sapatos saltos plataforma, uma criação de Roger Vivier e saltos em cunha, criados por Salvatore Ferragamo.

Salto em cunha e Salto plataforma.

Um grande ditador da moda dessa época foi Hollywood. Cada vez mais as pessoas queriam viver o glamour demonstrado nos filmes e uma forma de isso se tornar possível era copiar os modelos e penteados utilizados pelas atrizes e atores. Dezenas de estilistas foram contratados pelos estúdios cinematográficos para desenvolverem figurinos. Coco Chanel, por exemplo, desenvolveu trajes para três filmes: Tonight or Never, Palmy Days e The Greeks Had a Word for Them. Suas criações foram ignoradas e criticadas, por serem bastante discretas.

Notou-se então uma diferença entre a criação de figurinos e a criação de moda e os estúdios começaram a lançar seus próprios estilistas. O mais famoso traje cinematográfico da época foi um vestido de noite branco, com mangas e babados, que a atriz Joan Crawford utilizou em Letty Lynyon. A estrela Greta Garbo influenciou a chapelaria, com boinas, chapéu princesa Eugénie, barrete com pedras e toques com véu. Para os homens as referências eram Ronald Colman, Gary Grant e Gary Cooper e uma aparência forte e atlética era bastante cultuada.

Joan Crawford em Letty Lynton e Greta Garbo.

O neoclassicismo inspirou vários costureiros a partir de 1930. Seda, rayon de jérsei fluido, crepe, chiffon e veludo macio eram plissados diretamente ao corpo da cliente. O período também presenciou uma revivescência vitoriana, onde o purismo despojado do modernismo internacional era rejeitado em favor da teatralidade e da ornamentação. Vestidos com espartilho, ombros nus, sais de crinolina e anquinhas estavam em alta. Flores reais e artificiais eram utilizadas em corpetes, buquês, colares, braceletes, bolsas e chapéus.

Peça da estilista francesa Vionnet.


O estilista Kalil Nepomuceno mostrou versões modernas de bonequinhas vitorianas em seu desfile no Dragão Fashion de 2010.

O surrealismo, estilo artístico da época, também foi fonte de inspiração para criações na moda. A estilista Elsa Schiaparelli é o maior exemplo disso. A estilista chegou a trabalhar com Salvador Dalí e uma de suas criações mais famosas foi um chapéu em forma de sapato invertido. Podemos atribuir a ela o uso inovador do zíper.

Criação de Elsa Schiaparelli.

Desfile de Aghata Ruiz de La Prada no outono 2009, com inspiração no surrealismo.

Vários estilistas usaram como inspiração as cores do estilo chinês decô, inspirando-se nas porcelanas chinesa e nas gravuras florais japonesas.